O que eu seria sem o Amor?

Seria o Amor algo simples? Longe disso! O Amor é, na verdade, algo profundamente complexo, uma vez que ultrapassa o entendimento humano. E é justamente nessa complexidade que reside sua incomparável beleza: mesmo sendo tão grandioso, Ele escolheu fazer morada em nós. 

Compreender a magnitude de possuir o amor de Deus é tarefa difícil, mas um bom ponto de partida, é entender que, nessa história, somos apenas coadjuvantes. Não somos o centro de nossas vidas, somos membros fundamentais do corpo de Cristo. Assim, ao darmos o primeiro passo em nosso caminhar com Deus - ainda que limitado pelo pouco conhecimento que temos - percebemos que o verdadeiro centro dessa jornada é Cristo, e não nós. Não nos cabe disputar esse lugar com Ele. 

À primeira leitura, pode parecer que já superamos essa fase na fé - e talvez você realmente já tenha superado; glória a Deus por isso! Mas permita-me explicar meu ponto: não me refiro ao sentido literal de "roubar o lugar de Deus", como pode a criança de idade tenra sonhar em ser Cristo, movida pela admiração e imaginação. Refiro-me a nós, os de hoje, que tantas vezes deixamos de colocar Cristo como o centro da vida para colocar, em primeiro lugar, nossas vontades carnais. 

Trata-se de ignorar a voz do Espírito Santo, que nos guia com amor para o sul, enquanto, movidos pelo medo, escolhemos seguir para o norte. Em termos práticos, colocar-se no centro acontece quando preferimos adiar a leitura da palavra por pura preguiça, ou escolher qualquer outro lugar em vez da igreja, de estar no secreto com Deus,  e da comunhão com os irmãos. Exemplos infelizmente não faltam. 

Colocar-se no centro é muito mais comum do que imaginamos; reconhecer esses momentos porém, já é o primeiro - e difícil - passo. Um passo que, unidos ao Amor de Deus, podemos superar. E, de certa forma, já superamos, pois o próprio Espírito nos fortalece em meio às fraquezas. 

Nos frustramos porque colocamos nossos interesses em primeiro plano e deixamos de viver o chamado de Deus para nossas vidas. Nos frustramos quando o Amor de Cristo deixa de ser o cerne da nossa jornada. Um coração desviado produz frutos finitos; um coração alinhado com o propósito de Deus - enraizado no Amor - colhe frutos eternos.

No final, tudo se volta para o madeiro. Não há mais condenação para quem vive em Cristo. O véu se rasgou, o Amor passou a habitar em nossos corações. Portanto, não devemos viver como condenados, pois esse título não pertence àqueles que vivem pelo Espírito de Deus - àqueles que vivem no Amor.

Compreender essa passagem é viver cada dia em luta - mas não mais movidos pelo medo ou pela obrigação, e sim por gratidão e alegria. É combater o pecado com a confiança serena de quem sabe que o verdadeiro vencedor da batalha não somos nós, mas o Espírito de Deus, que habita em nós e opera nossa santificação.

A partir de agora, entendemos que somos servos do exército de Deus, e que Sua bondade é tão grande que, mesmo sem merecimento algum, o Senhor - Criador do céu e da terra - se fez homem, em semelhança da nossa carne, mas sem pecado. E, pela graça, escolheu fazer morada em cada um de nós. Realmente, nada é sobre nós; tudo é sobre Ele. Cabe a nós honrar esse relacionamento, para que nele jamais haja decepção - não porque voltaremos a ser condenados, mas para que Ele não seja entristecido pelo nosso pecado.

Portanto, anseio que Deus toque o seu coração neste dia, e que o Amor seja o balizador de todos os seus dias. Que a obra que você venha a produzir não seja fruto apenas das suas mãos - pois estas são terrenas e possuem prazo de validade. Já a  boa obra é aquela movida pelo Amor, ou seja, fruto do Espírito de Deus.

Não desperdicem a dadiva que é viver, buscando conquistas, aplausos ou caminhos que não vem do Espírito. Tudo que é fruto da carne é como a casa edificada sobre a areia: basta uma ventania, e tudo desmorona. Viva pelo Espírito, e ao olhar para trás, verá a casa firmemente edificada sobre a rocha - a vida entregue ao caminho estreito, eterno e maravilhoso de Cristo. 

Diante disso, se me perguntassem como interpreto a mensagem de Paulo em 1Coríntios 13, eu responderia:

“Ainda que eu gaste toda a minha vida fazendo o bem, se não for por Deus e com Deus, serei como um marinheiro que navega com maestria, mas jamais encontra o porto.”

Fica a dica de leitura: 1Coríntios 13 e Romanos 8.